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segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

René Descartes


Reprodução
René Descartes estudou no colégio de jesuítas de La Fleche e licenciou-se em direito em Poitiers, no ano de 1616. Ao alistar-se, na Holanda, no exército de Maurício de Nassau, conheceu o médico holandês Isaac Beeckman, que o estimulou a realizar pesquisas nos campos da física e da matemática.
A seguir, Descartes viajou pela Dinamarca e Alemanha, onde se incorporou ao exército de Maximiliano da Baviera, em 1619. Fez viagens à Holanda, Europa central, Itália e França, até instalar-se definitivamente na Holanda (1629), de onde partiu para a Suécia, em 1649, a convite da rainha Cristina.


Método

Tomando como ponto de partida a universalidade da razão, da qual todos os homens participam, Descartes identifica no intelecto, em sua pureza, duas faculdades essenciais: a intuição, pela qual podemos ter imediatamente presentes no espírito idéias claras, perfeitamente determinadas - e distintas, simples e irredutíveis -, e a dedução, pela qual podemos descobrir conjuntos de verdades ordenadas racionalmente.
De acordo com o método proposto por Descartes, se desejarmos estender a certeza matemática ao conjunto do saber, devemos seguir quatro regras de utilização da intuição e da dedução:
1. Regra da evidência: devemos evitar todas as prevenções (conjuntos de preconceitos) e precipitação, para acolher apenas idéias claras e distintas.
2. Regra da análise: devemos dividir nossos problemas no maior número possível de partes, para melhor resolvê-los.
3. Regra da síntese: devemos distinguir entre as verdades mais simples, independentes e absolutas, das verdades mais complexas, condicionadas e relativas. (Esta regra pressupõe a ordenação das partes segundo o critério da relação constante entre elas, de modo que possam ser comparadas com base na mesma unidade de medida.)
4. Regra da enumeração: devemos selecionar exclusivamente o que for necessário e suficiente para a solução de um problema, evitando as omissões.
O ponto de partida de Descartes é uma crítica radical a todo o saber humano, por meio do exercício voluntário, metódico e provisório da dúvida, pela qual suspendemos o juízo acerca de tudo que desperta em nós a menor suspeita de incerteza.
Levando esse exercício às últimas conseqüências, a dúvida estende-se à realidade das coisas sensíveis, e aos princípios da ciência universal.


"Penso, logo existo"

O exercício da dúvida detém-se, entretanto, na existência do sujeito pensante, definido como substância imaterial, e necessário por auto-evidência, porque pressuposto pelo próprio ato de duvidar.
Essa evidência foi expressa pela forma Je pense, donc je suis (Eu penso, logo existo) ou, em latim, Ego cogito, ergo sum sive existo. A proposição equivale à afirmação "Eu sou uma substância pensante". Representa, não só o primado idealista do pensamento sobre a realidade e o fundamento da distinção entre a alma e o corpo, mas também a afirmação irredutível da intuição clara e distinta, como faculdade da razão.
Para Descartes, uma idéia não é um arquétipo subsistente no intelecto divino, mas uma forma de um pensamento, pela qual o próprio pensamento tem consciência de si mesmo, de maneira imediata. Quanto ao cogito, ele é verdadeiro somente em cada um dos instantes em que é afirmado, mas a conservação e continuidade do sujeito pensante é garantida pela criação contínua ou ato incessante de Deus.


Vencer a nós mesmos

Descartes defendia o conformismo social, a moderação e a tradição política. Aconselhava um modo de ser resoluto nas ações, pois a inconstância, derivada da instabilidade das opiniões, provoca a intranqüilidade da alma, e afirmava que devemos procurar vencer mais a nós mesmos e aos próprios pensamentos, que às circunstâncias ou à ordem do mundo.
Para Descartes, a verdadeira generosidade, que dá ao homem a verdadeira estimação de si mesmo, consiste, em parte, no seu conhecimento de que pode dispor livremente de sua vontade, e, por outro lado, na resolução firme e constante de usar essa liberdade para agir da melhor maneira possível, de acordo com a razão.


Um método para compreender a realidade

Descartes procurou mostrar a fecundidade de suas idéias, aplicando-as aos diversos campos da ciência. Ele concebia o universo como um mecanismo gigantesco e os organismos vivos como autônomos complexos.
No campo da óptica, por exemplo, seus trabalhos são tão importantes quanto originais, especialmente no que se refere às leis da reflexão e da refração da luz. No campo da geometria, sua obra representa uma das mais notáveis e engenhosas concepções do espírito humano.
A utilização de seu método para a solução dos problemas relacionados com o cálculo infinitesimal e sua aplicação à mecânica foram de extraordinárias conseqüências para o progresso da física teórica no decorrer dos séculos 17 e 18.
Representações cartesianas de fenômenos tão vulgares como a variação da temperatura de um doente ou a flutuação dos fenômenos meteorológicos, que permitem avaliar, por um simples exame das curvas representadas num sistema de eixos coordenados, a marcha de uma transformação, e prever com certa precisão seu desenvolvimento, atestam a extraordinária difusão do método de Descartes e sua importância para o progresso dos conhecimentos humanos.


Enciclopédia Mirador Internacional

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