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sábado, 7 de dezembro de 2013

TER OU NÃO TER NAMORADO



Quem não tem namorado é alguém que tirou férias não remuneradas de si mesmo.
Namorado é a mais difícil das conquistas.
Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, saliva, lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia. Paquera, gabiru, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão, é fácil.
Mas namorado, mesmo, é muito difícil. Namorado não precisa ser o mais bonito, mas ser aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio e quase desmaia pedindo proteção. A proteção não precisa ser parruda, decidida; ou bandoleira basta um olhar de compreensão ou mesmo de aflição.
Quem não tem namorado é quem não tem amor é quem não sabe o gosto de namorar. Há quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento e dois amantes; mesmo assim pode não ter nenhum namorado.
Não tem namorado quem não sabe o gosto de chuva, cinema sessão das duas, medo do pai, sanduíche de padaria ou drible no trabalho.
Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar sorvete ou lagartixa e quem ama sem alegria.
Não tem namorado quem faz pacto de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos com a felicidade ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de durar.
Não tem namorado quem não sabe o valor de mãos dadas; de carinho escondido na hora em que passa o filme; de flor catada no muro e entregue de repente; de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque lida bem devagar; de gargalhada quando fala junto ou descobre meia rasgada; de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo alado, tapete mágico ou foguete interplanetário.
Não tem namorado quem não gosta de dormir agarrado, de fazer cesta abraçado, fazer compra junto.
Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor, nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele, abobalhados de alegria pela lucidez do amor.
Não tem namorado quem não redescobre a criança própria e a do amado e sai com ela para parques, fliperamas, beira - d'água, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical da Metro.
Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos; quem gosta sem curtir; quem curte sem aprofundar.
Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada, ou meio-dia do dia de sol em plena praia cheia de rivais.
Não tem namorado quem ama sem se dedicar; quem namora sem brincar; quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele.
Não tem namorado quem confunde solidão com ficar sozinho e em paz.
Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo.
Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando duzentos quilos de grilos e medos, ponha a saia mais leve, aquela de chita e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim.
Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. Ponha intenções de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galanteria.
Se você não tem namorado é porque ainda não enlouqueceu aquele pouquinho necessário a fazer a vida parar e de repente parecer que faz sentido. ENLOU-CRESÇA.
Artur da Távola

fonte.http://pensador.uol.com.br/boas_ferias/

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Dia da Consciência Negra e o herói chamado Zumbi



Zumbi líder do quilombo dos Palmares
Zumbi foi o grande líder do quilombo dos Palmares, respeitado herói da resistência antiescravagista. Pesquisas e estudos indicam que nasceu em 1655, sendo descendente de guerreiros angolanos. Em um dos povoados do quilombo, foi capturado quando garoto por soldados e entregue ao padre Antonio Melo, de Porto Calvo. Criado e educado por este padre, o futuro líder do Quilombo dos Palmares já tinha apreciável noção de Português e Latim aos 12 anos de idade, sendo batizado com o nome de Francisco. Padre Antônio Melo escreveu várias cartas a um amigo, exaltando a inteligência de Zumbi (Francisco). Em 1670, com quinze anos, Zumbi fugiu e voltou para o Quilombo. Tornou-se um dos líderes mais famosos de Palmares. "Zumbi" significa: a força do espírito presente. Baluarte da luta negra contra a escravidão, Zumbi foi o último chefe do Quilombo dos Palmares.
O nome Palmares foi dado pelos portugueses, em razão do grande número de palmeiras encontradas na região da Serra da Barriga, ao sul da capitania de Pernambuco, hoje, estado de Alagoas. Os que lá viviam chamavam o quilombo de Angola Janga (Angola Pequena). Palmares constituiu-se como abrigo não só de negros, mas também de brancos pobres, índios e mestiços extorquidos pelo colonizador. Os quilombos, que na língua banto significam "povoação", funcionavam como núcleos habitacionais e comerciais, além de local de resistência à escravidão, já que abrigavam escravos fugidos de fazendas. No Brasil, o mais famoso deles foi Palmares.
O Quilombo dos Palmares existiu por um período de quase cem anos, entre 1600 e 1695. No Quilombo de Palmares (o maior em extensão), viviam cerca de vinte mil habitantes. Nos engenhos e senzalas, Palmares era parecido com a Terra Prometida, e Zumbi, era tido como eterno e imortal, e era reconhecido como um protetor leal e corajoso. Zumbi era um extraordinário e talentoso dirigente militar. Explorava com inteligência as peculiaridades da região. No Quilombo de Palmares plantavam-se frutas, milho, mandioca, feijão, cana, legumes, batatas. Em meados do século XVII, calculavam-se cerca de onze povoados. A capital era Macaco, na Serra da Barriga.
A Domingos Jorge Velho, um bandeirante paulista, vulto de triste lembrança da história do Brasil, foi atribuído a tarefa de destruir Palmares. Para o domínio colonial, aniquilar Palmares era mais que um imperativo atribuído, era uma questão de honra. Em 1694, com uma legião de 9.000 homens, armados com canhões, Domingos Jorge Velho começou a empreitada que levaria à derrota de Macaco, principal povoado de Palmares. Segundo Paiva de Oliveira, Zumbi foi localizado no dia 20 de novembro de 1695, vítima da traição de Antônio Soares. “O corpo perfurado por balas e punhaladas foi levado a Porto Calvo. A sua cabeça foi decepada e remetida para Recife onde, foi coberta por sal fino e espetada em um poste até ser consumida pelo tempo”.
O Quilombo dos Palmares foi defendido no século XVII durante anos por Zumbi contra as expedições militares que pretendiam trazer os negros fugidos novamente para a escravidão. O Dia da Consciência Negra é celebrado em 20 de novembro no Brasil e é dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. A data foi escolhida por coincidir com o dia da morte de Zumbi dos Palmares, em 1695.
A lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003, incluiu o dia 20 de novembro no calendário escolar, data em que comemoramos o Dia Nacional da Consciência Negra. A mesma lei também tornou obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira. Nas escolas as aulas sobre os temas: História da África e dos africanos, luta dos negros no Brasil, cultura negra brasileira e o negro na formação da sociedade nacional, propiciarão o resgate das contribuições dos povos negros nas áreas social, econômica e política ao longo da história do país.
Amélia Hamze 
Profª da FEB/CETEC
ISEB/FISO-Barretos
ahamze@uol.com.br

domingo, 13 de outubro de 2013

PROFESSOR

Ser professor é...
Construir castelos.
Não só castelos mágicos, belos e grandiosos.
Mas castelos fortes, com bases firmes.
Capazes de resistir ao tempo, às tempestades...
Às guerras e aos conflitos.

É ser capaz de enxergar longe.
Ver além do que se possa imaginar.
É sentir e esperar sempre...
Que tudo embora não seja perfeito.
Transforma-se em coisas belas,
Significantes e edificantes.

Ser professor é acalentar sonhos.
Realizar desejos, mostrar caminhos.
Partilhar alegrias...
Conviver com as tristezas.
Transformar planos em realidade.

É ver nas entrelinhas.
Buscar o que está lá no fundo guardado...
Trancado, acanhado e transformá-lo...
Em grandes conquistas e realizações.

O professor semeia e constrói um mundo...
De magia, beleza, sonhos e conhecimento. 

Oração Nossa


Oração Nossa

Senhor ensina-nos a orar, sem esquecer o trabalho.
A dar, sem olhar a quem.
A servir, sem perguntar até quando...

A sofrer, sem magoar, seja quem for.
A progredir, sem perder a simplicidade.
A semear o bem, sem pensar nos resultados...

A desculpar, sem condições.
A marchar para frente, sem contar os obstáculos.
A ver sem malícia...

A escutar, sem corromper os assuntos.
A falar, sem ferir.
A compreender o próximo, sem exigir entendimento...

A respeitar os semelhantes, sem reclamar consideração.
A dar o melhor de nós, além da execução do próprio dever, sem cobrar taxas de reconhecimento...

Senhor, fortalece em nós, a paciência para com as dificuldades dos outros, assim como precisamos da paciência dos outros, para com as nossas próprias dificuldades...

Ajuda-nos para que a ninguém façamos aquilo que não desejamos para nós...

Auxilia-nos, sobretudo, a reconhecer que a nossa felicidade mais alta será, invariavelmente, aquela de cumprir seus desígnios onde e como queiras, hoje, agora e sempre.
Chico Xavierfonte.http://pensador.uol.com.br/poema_para_professor/

domingo, 22 de setembro de 2013

Primavera


AS DUAS FLORES

São duas flores unidas
São duas rosas nascidas
Talvez do mesmo arrebol,
Vivendo,no mesmo galho,
Da mesma gota de orvalho,
Do mesmo raio de sol.

Unidas, bem como as penas
das duas asas pequenas
De um passarinho do céu...
Como um casal de rolinhas,
Como a tribo de andorinhas
Da tarde no frouxo véu.

Unidas, bem como os prantos,
Que em parelha descem tantos
Das profundezas do olhar...
Como o suspiro e o desgosto,
Como as covinhas do rosto,
Como as estrelas do mar.

Unidas... Ai quem pudera
Numa eterna primavera
Viver, qual vive esta flor.
Juntar as rosas da vida
Na rama verde e florida,
Na verde rama do amor!
Castro Alvesfonte.http://pensador.uol.com.br/poesia_primavera_a_estacao_das_flores/2/

Canção da Primavera


Canção da Primavera — poema de Mário Quintana


Catavento, de Luciana Teruz (Brasil 1961)
Catavento, de Luciana Teruz (Brasil 1961)

Canção da Primavera


(Para Érico Veríssimo)



Primavera cruza o rio
Cruza o sonho que tu sonhas.
Na cidade adormecida
Primavera vem chegando.

Catavento enloqueceu,
Ficou girando, girando.
Em torno do catavento
Dancemos todos em bando.

Dancemos todos, dancemos,
Amadas, Mortos, Amigos,
Dancemos todos até

Não mais saber-se o motivo…
Até que as paineiras tenham
Por sobre os muros florido!

Mário Quintana 

domingo, 1 de setembro de 2013

VINICIOS DE MORAES


VIDA

Cronologia da Vida e da Obra

1913

Nasce, em meio a forte temporal, na madrugada de 19 de outubro , no antigo nº 114 (casa já demolida) da rua Lopes Quintas, no Jardim Botânico, ao lado da chácara de seu avô materno, Antônio Burlamaqui dos Santos Cruz. São seus pais d. Lydia Cruz de Moraes e Clodoaldo Pereira da Silva Moraes, este, sobrinho do poeta, cronista e folclorista Mello Moraes Filho e neto do historiador Alexandre José de Mello Moraes.

1916

A família muda-se para a rua Voluntários da Pátria, nº 192, em Botafogo, passando a residir com os avós paternos, d. Maria da Conceição de Mello Moraes e Anthero Pereira da Silva Moraes.

1917

Nova mudança para a rua da Passagem, nº 100, ainda em Botafogo, onde nasce seu irmão Helius. Vinicius e sua irmã Lygia entram para a escola primária Afrânio Peixoto, à rua da Matriz.

1919

Transfere-se para a rua 19 de fevereiro, nº 127

1920

Mudança para a rua Real Grandeza, nº130. Primeiras namoradas na escola Afrânio Peixoto. È batizado na maçonaria, por disposição de seu avô materno, cerimônia que lhe causaria grande impressão.

1922

Última residência em Botafogo, na rua Voluntários da Pátria, nº 195. Impressão de deslumbramento com a exposição do Centenário da Independência do Brasil e de curiosidade com o levante do Forte de Copacabana, devido a uma bomba que explodiu perto de sua casa. Sua família transfere-se para a Ilha do Governador, na praia de Cocotá, nº 109-A, onde o poeta passa suas férias.

1923

Faz sua primeira comunhão na Matriz da rua Voluntários da Pátria.

1924

Inicia o Curso Secundário no Colégio Santo Inácio, na rua São Clemente.
Começa a cantar no coro do colégio, durante a missa de domingo. Liga-se de grande amizade a seus colegas Moacyr Veloso Cardoso de Oliveira e Renato Pompéia da Fonseca Guimarães, este, sobrinho de Raul Pompéia, com os quais escreve o "épico" escolar, em dez cantos, de inspiração camoniana: os acadêmicos.
A partir daí participa sempre das festividades escolares de encerramento do ano letivo, seja cantando, seja atuando nas peças infantis.

1927

Conhece e torna-se amigos dos irmãos Paulo e Haroldo Tapajoz, com os quais começa a compor. Com eles, e alguns colegas do Colégio Santo Inácio, forma um pequeno conjunto musical que atua em festinhas, em casa de famílias conhecidas.

1928

Compõe, com os irmãos Tapajoz, "Loura ou morena" e "Canção da noite", que têm grande sucesso popular.
Por essa época, namora invariavelmente todas as amigas de sua irmã Laetitia.

1929

Bacharela-se em Letras, no Santo Inácio. Sua família muda-se da Ilha do Governador para a casa contígua àquela onde nasceu, na rua Lopes Quintas, também já demolida.

1930

Entra para a faculdade de Direito da rua do Catete, sem vocação especial. Defende tese sobre a vinda de d. João VI para o Brasil para ingressar no "Centro Acadêmico de Estudos Jurídicos e Sociais" (CAJU), onde se liga de amizade a Otávio de Faria, San Thiago Dantas, Thiers Martins Moreira, Antônio Galloti, Gilson Amado, Hélio Viana, Américo Jacobina Lacombe, Chermont de Miranda, Almir de Andrade e Plínio Doyle.

1931

Entra para o Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR).

1933

Forma-se em Direito e termina o Curso de Oficial de Reserva.
Estimulado por Otávio de Faria, publica seu primeiro livro, O caminho para a distância, na Schimidt Editora.

1935

Publica Forma e exegese, com o qual ganha o prêmio Felipe d'Oliveira.

1936

Publica, em separata, o poema "Ariana, a mulher".
Substitui Prudente de Morais Neto, como representante do Ministério da Educação junto à Censura Cinematográfica.
Conhece Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade, dos quais se torna amigo.

1938

Publica novos poemas e é agraciado com a primeira bolsa do Conselho Britânico para estudar língua e literatura inglesas na Universidade de Oxford (Magdalen College), para onde parte em agosto do mesmo ano.
Funciona como assistente do programa brasileiro da BBC.
Conhece, em casa de Augusto Frederico Schimidt, o poeta e músico Jayme Ovalle, de quem se torna um dos maiores amigos.

1939

Casa-se por procuração com Beatriz Azevedo de Mello.
Regressa da Inglaterra em fins do mesmo ano, devido à eclosão da II Grande Guerra. Em Lisboa encontra seu amigo Oswald de Andrade com quem viaja para o Brasil.

1940

Nasce sua primeira filha, Susana.
Passa longa temporada em São Paulo, onde se liga de amizade com Mário de Andrade.

1941

Começa a fazer jornalismo em A Manhã, como crítico cinematográfico e a colaborar no Suplemento Literário ao lado de Rineiro Couto, Manuel Bandeira, Cecília Meireles e Afonso Arinos de Melo Franco, sob a orientação de Múcio Leão e Cassiano Ricardo.

1942

Inicia seu debate sobre cinema silencioso e cinema sonoro, a favor do primeiro, com Ribeiro Couto, e em seguida com a maioria dos escritores brasileiros mais em voga, e do qual participam Orson Welles e madame Falconetti.
Nasce seu filho Pedro.
A convite do então prefeito Juscelino Kubitschek, chefia uma caravana de escritores brasileiros a Belo Horizonte, onde se liga de amizade com Otto Lara Rezende, Fernando Sabino, Hélio Pelegrino e Paulo Mendes Campos.
Inicia, com seus amigos Rubem Braga e Moacyr Werneck de Castro, a roda literária do Café Vermelhinho, à qual se misturam a maioria dos jovens arquitetos e artistas plásticos da época, como Oscar Niemeyer, Carlos Leão, Afonso Reidy, Jorge Moreira, José Reis, Alfredo Ceschiatti, Santa Rosa, Pancetti, Augusto Rodrigues, Djanira, Bruno Giorgi.
Freqüenta, nessa época, as domingueiras em casa de Aníbal Machado.
Conhece e se torna amigo da escritora Argentina Maria Rosa Oliver, através da qual conhece Gabriela Mistral.
Faz uma extensa viagem ao Nordeste do Brasil acompanhando o escritor americano Waldo Frank, a qual muda radicalmente sua visão política, tornando-se um antifacista convicto. Na estada em Recife, conhece o poeta João Cabral de Melo Neto, de quem se tornaria, depois, grande amigo.

1943

Publica suas Cinco elegias, em edição mandada fazer por Manuel Bandeira, Aníbal Machado e Otávio de Faria.
Ingressa, por concurso, na carreira diplomática.

1944

Dirige o Suplemento Literário de O Jornal, onde lança, entre outros, Oscar Niemeyer, Pedro Nava, Marcelo Garcia, francisco de Sá Pires, Carlos Leão e Lúcio Rangel, em colunas assinadas, e publica desenhos de artistas plásticos até então pouco conhecidos, como Carlos Scliar, Athos Bulcão, Alfredo Ceschiatti, Eros (Martim) Gonçalves, Arpad Czenes e Maria Helena Vieira da Silva.

1945

Colabora em vários jornais e revistas, como articulista e crítico de cinema.
Faz amizade com o poeta Pablo Neruda.
Sofre um grave desastre de avião na viagem inaugural do hidro Leonel de Marnier, perto da cidade de Rocha, no Uruguai. Em sua companhia estão Aníbal Machado e Moacir Werneck de Castro.
Faz crônicas diárias para o jornal Diretrizes.

1946

Parte para Los Angeles, como vice-cônsul, em seu primeiro posto diplomático. Ali permanece por cinco anos sem voltar ao Brasil.
Publica em edição de luxo, ilustrada por Carlos Leão, seu livro, Poemas, sonetos e baladas.

1947

Em Los angeles, estuda cinema com Orson Welles e Gregg Toland. Lança, com Alex Viany, a revista Film.
1949
João Cabral de Melo Neto tira, em sua prensa mensal, em Barcelona, uma edição de cinqüenta exemplares de seu poema "Pátria minha".

1950

Viagem ao México para visitar seu amigo Pablo Neruda, gravemente enfermo. Ali conhece o pintor David Siqueiros e reencontra seu grande amigo, o pintor Di Cavalcanti.
Morre seu pai.
Retorno ao brasil.

1951

Casa-se pela segunda vez com Lila Maria Esquerdo e Bôscoli.
Começa a colaborar no jornal Última Hora, a convite de Samuel Wainer, como cronista diário e posteriormente crítico de cinema.

1952

Visita, fotografa e filma, com seus primos, Humberto e José Francheschi, as cidades mineiras que compõe o roteiro do Aleijadinho, com vistas à realização de um filme sobre a vida do escultor que lhe fora encomendado pelo diretor Alberto Cavalcanti.
É nomeado delegado junto ao festival de Punta Del Leste, fazendo paralelamente sua cobertura para o Última Hora. Parte logo depois para a Europa, encarregado de estudar a organização dos festivais de cinema de Cannes, Berlim, Locarno e Veneza, no sentido da realização dos Festival de Cinema de São Paulo, dentro das comemorações do IV Centenário da cidade.
Em Paris, conhece seu tradutor francês, Jean Georges Rueff, com quem trabalha, em Estrasburgo, na tradução de suas Cinco elegias.

1953

Nasce sua filha Georgiana.
Colabora no tablóide semanário Flan, de Última Hora, sob direção de Joel Silveira.
Aparece a edição francesa das Cinq élégies, em edição de Pierre Seghers.
Liga-se de amizade com o poéta cubano Nicolás Guillén.
Compõe seu primeiro samba, música e letra, "Quando tú passas por mim".
Faz crônicas diárias para o jornal A Vanguarda, a convite de Joel Silveira.
Parte para Paris como segundo secretário de Embaixada.

1954

Sai a primeira edição de sua Antologia Poética. A revista Anhembi publica sua peça Orfeu da Conceição, premiada no concurso de teatro do IV Centenário do Estado de São Paulo.

1955

Compões em Paris uma série de canções de câmara com o maestro Cláudio Santoro. Começa a trabalhar para o produtor Sasha Gordine, no roteiro do filme Orfeu Negro. No fim do ano vem com ele ao Brasil, por uma curta estada, para conseguir financiamento para a produção da película, o que não consegue, regressando em fins de dezembro a Paris.

1956

Volta ao Brasil em gozo de licença-prêmio.
Nasce sua terceira filha, Luciana.
Colabora no quinzenário Para Todos a convite de seu amigo Jorge amado, em cujo primeiro número publica o poema "O operário em construção".
Paralelamente aos trabalhos da produção do filme Orfeu Negro, tem o ensejo de encenar sua peça Orfeu da Conceição, no Teatro Municipal, que aparece também em edição comemorativa de luxo, ilustrada por Carlos Scliar.
Convida Antônio Carlos Jobim para fazer a música do espetáculo, iniciando com ele a parceria que, logo depois, com a inclusão do cantor e violonista João Gilberto, daria início ao movimento de renovação da música popular brasileira que se convencionou chamar de bossa nova.
Retorna ao poste, em Paris, no fim do ano.

1957

É transferido da Embaixada em Paris para a Delegação do Brasil junto à UNESCO. No fim do ano é removido para Montevidéu, regressando, em trânsito, ao Brasil.
Publica a primeira edição de seu Livro de Sonetos, em edição de Livros de Portugal.

1958

Sofre um grave acidente de automóvel. Casa-se com Maria Lúcia Proença. Parte para Montevidéu. Sai o LP Canção do Amor Demais, de músicas suas com Antônio Carlos Jobim, cantadas por Elizete Cardoso. No disco ouve-se, pela primeira vez, a batida da bossa novas, no violão de João Gilberto, que acompanha acantora em algumas faixas, entre as quais o samba "Chega de Saudade", considerado o marco inicial do movimento.

1959

Sai o Lp Por Toda Minha Vida, de canções suas com Jobim, pela cantora Lenita Bruno.
O filme Orfeu negro ganha a Palme d'Or do Festival de Cannes e o Oscar, de Hollywood, como melhor filme estrangeiro do ano.
Aparece o seu livro Novos poemas II.
Casa-se sua filha Susana.

1960

Retorna à Secretria do Estado das Relações Exteriores.
Em novembro, nasce seu neto, Paulo.
Sai a segunda edição de sua Antologia Poética, pela Editora de Autor; a edição popular da peça Orfeu da Conceição, pela livraria São José e Recette de Femme et autres poèmes, tradução de Jean-Georges Rueff, em edição Seghers, na coleção Autour du Monde.

1961

Começa a compor com Carlos Lira e Pixinguinha.
Aparece Orfeu Negro, em tradução italiana de P.A. Jannini, pela Nuova Academia Editrice, de Milão.

1962

Começa a compor com Baden Powell, dando inicio à série de afro-sambas, entre os quais, "Berimbau" e "Canto de Ossanha".
Compõe, com música de Carlos Lyra, as canções de sua comédia-musicada Pobre menina rica.
Em agosto, faz seu primeiroshow, de larga repercussão, comAntônio Carlos Jobim e João Gilbert,na boate AuBom Gourmet, que daria início aos chamados pocket-shows, e onde foram lançados pela primeira vez grandes sucessos internacionais como "Garota de Ipanema" e o "Samba da bênção"
Show com Carlos Lyra,na mesma boate, paraapresentar Pobre menina rica e onde é lançada a cantora Nara Leão.
Compõe com Ari Barroso as últimas canções do grande compositor popular, entre as quais "Rancho das namoradas".
Aparece a primeira edição de Para viver um grande amor, pela Editora do Autor, livro de crônicas e poemas.
Grava, como cantor, seu disco com a atriz e cantora Odete Lara.

1963

Começa a compor com Edu Lobo.
Casa-se com Nelita Abreu Rocha e parte em posto para Paris, na delegação do Brasil junto a UNESCO.

1964

Regressa de Paris e colabora com crônicas semanais para a revista Fatos e Fotos, assinando paralelamente crônicas sobre música popular para o Diário Carioca.
Começa a compor com Francis Hime.
Faz show de grande sucesso com o compositor e cantor Dorival Caymmi, na boate Zum-Zum, onde lança o Quarteto em Cy. Do show é feito um LP.

1965

Sai Cordélia e o peregrino, em edição do Serviço de Documentação do Ministério da Educação e Cultura.
Ganha o primeiro e o segundo lugares do I Festival de Música Popular de São Paulo, da TV Record, em canções de parceria com Edu Lobo e Baden Powell.
Parte para Paris e St.Maxime para escrevero roteiro do filme Arrastão, indispondo-se, subseqüentemente, com seu diretor, e retirando suas músicas do filme. De Paris voa para Los Angeles a fim de encontrar-se com seu parceiro Antônio Carlos Jobim.
Muda-se de Copacabana para o Jardim Botânico, à rua Diamantina, nº20.
Começa a trabalhar com o diretor Leon Hirszman, do Cinema Novo, no roteiro do filme Garota de Ipanema.
Volta ao show com Caymmi, na boate Zum-Zum.

1966

São feitos documentários sobre o poeta pelas televisões americana, alemã, italiana e francesa, sendo que os dois últimos realizados pelos diretores Gianni Amico e Pierre Kast.
Aparece seu livro de crônicas Para uma menina com uma flor pela Editora do Autor.
Seu "Samba da bênção", de parceria com Baden Powell, é incluída, em versão de compositor e ator Pierre Barouh, no filme Un homme… une femme, vencedor do Festival de Cannes do mesmo ano.
Participa do jurí do mesmo festival.

1967

Aparecem, pela Editora Sabiá, a 6ª edição de sua Antologia poética e a 2ª do seu Livro de sonetos (aumentada).
É posto à disposição do governo deMinas Gerais no sentido de estudar a realização anual de um Festival de Arte em Ouro Preto, cidade à qual faz freqüentes viagens.
Faz parte do jurí do Festival de Música Jovem, na Bahia.
Estréia do filme Garota de Ipanema.

1968

Falece sua mãe no dia 25 de fevereiro.
Aparece a primeira edição de sua Obra poética, pela Companhia José Aguilar Editora.
Poemas traduzidos para o italiano por Ungaretti.

1969

É exonerado do Itamaraty.
Casa-se com Cristina Gurjão.

1970

Casa-se com a atriz baiana Gesse Gessy.
Nasce Maria, sua quarta filha.
Início da parceria com Toquinho.

1971

Muda-se para a Bahia.
Viagem para Itália.

1972

Retorna à Itália com Toquinho onde gravam o LP Per vivere un grande amore.

1973

Publica "A Pablo Neruda".

1974

Trabalha no roteiro, não concretizado, do filme Polichinelo.

1975

Excursiona pela Europa. Grava, com Toquinho, dois discos na Itália.

1976

Escreve as letras de "Deus lhe pague", em parceria com Edu Lobo.
Casa-se com Marta Rodrihues Santamaria.

1977

Grava um LP em Paris, com Toquinho.
Show com Tom, Toquinho e Miúcha, no Canecão.

1978

Excursiona pela Europa com Toquinho.
Casa-se com Gilda de Queirós Mattoso, que conhecera em Paris.

1979

Leitura de poemas no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, a convite do líder sindical Luís Inácio da Silva.
Voltando de viagem à Europa, sofre um derrame cerebral no avião. Perdem-se, na ocasião, os originais de Roteiro lírico e sentimental da Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.

1980

É operado a 17 de abril, para a instalação de um dreno cerebral.
Morre, na manhã de 9 de julho, de edema pulmonar, em sua casa, na Gávea, em companhia de Toquinho e de sua última mulher.
Extraviam-se os originais de seu livro O dever e o haver.

1º Concurso Literário Noemi Cruz Teixeira – Itaocara 2013

Tema:



                “... Restou ITAOCARA no meu verso

                       “Ficou ITAOCARA no meu canto.”     ( Nicolau Mary)



    Os textos, que poderão ser poesias, prosas, crônicas, sonetos, contos e de outras vertentes, deverão se remeter ao tema do Concurso: “Uma homenagem à Itaocara”.



Objetivos:   

     O Festival de Poesia tem o objetivo de fomentar a leitura e a produção textual dos estudantes de Itaocara e da população em geral, homenageando Itaocara e suas personalidades, valorizando e descobrindo potencialidades artísticas. A literatura pode abrir possibilidades múltiplas e é fundamental para o pleno desenvolvimento humano. O Brasil tem um índice muito baixo da relação de quantidade de livros lidos por habitante. Portanto, a ideia é fomentar através da Secretaria de Educação do município, com parcerias nas redes estadual e particular, o interesso da nossa juventude pela leitura e pela descoberta do maravilhoso mundo do deleite literário! Quem escreve, lê e quem lê, tem mais consciência, tem mais inteligência.  



Das Modalidades:

 O concurso de poesia será dividido em três modalidades:

 I – dos estudantes das redes estadual, municipal e particular do 5º ao 9º ano;

II – dos estudantes das redes estadual, municipal e particular do Ensino Médio;

III – aberto ao público em geral.



Das Inscrições:

  A inscrição será do dia 09 ao dia 20 de setembro, e para efetuá-la serão necessários os seguintes dados:



I – Nome completo do participante;

II – Data de nascimento;

III – Nome do responsável, escola e série: (no caso de estudantes);

IV – Endereço;

V – E-mail e telefone.



Local das inscrições:

   No caso dos estudantes as inscrições deverão ser feitas nas próprias escolas, que irá encaminhá-las à Secretaria de Educação.

   No caso da modalidade aberta ao público, as inscrições deverão ser realizadas na Secretaria de Educação das 15:00 às 18:00h. Não serão cobradas taxas de inscrição ou de qualquer natureza.



Do Concurso:

   O texto deve se remeter ao tema, sendo automaticamente desclassificado o texto que não estiver relacionado.



Do Julgamento:

Artigo 11: Será constituída uma Comissão Julgadora formada por 5 integrantes, de reconhecido conhecimento literário. Os textos terão que ter, necessariamente duas cópias, uma assinada e com os dados solicitados acima e outra apenas com o texto, para evitar a identificação do autor do texto pelos membros da comissão julgadora, garantindo total imparcialidade no julgamento. Os critérios de avaliação serão definidos por esta Comissão, e deverão contar, dentre outras coisas com:



I - adequação da poesia ao tema.

II- criatividade.

III- Avaliação do uso correto da norma culta da Língua Portuguesa.



Da Premiação:

Serão Premiados os 3 primeiros colocados de cada categoria.

Os primeiros colocados ganharão 1 (um ) Tablet;

Os segundos colocados ganharão 1 (uma) Bicicleta;

Os terceiros colocados ganharão 1 (um) livro clássico da literatura brasileira. 

O melhor intérprete de cada categoria também receberá premiação (brinde surpresa).



Cerimônia de Premiação:

    A cerimônia de premiação será realizada dia 04 de outubro, às 18 horas, na Concha Acústica de Itaocara.

    Para concorrer ao prêmio de melhor intérprete quem deverá fazer a interpretação será o próprio autor do texto. Na eventualidade do autor do texto optar por não fazer a declamação, o mesmo poderá indicar um intérprete de sua livre escolha que não concorrerá ao prêmio de melhor intérprete.



Disposições Gerais:

    O participante será excluído automaticamente do concurso nos casos de descumprimento às normas do concurso, de fraude, plágio ou similares.

   A autenticidade do trabalho é de inteira responsabilidade do participante.

   As decisões da Comissão Julgadora serão consideradas soberanas e irrecorríveis, contra a qual não caberá nenhuma espécie de reavaliação ou recurso.

   A realização da inscrição representa autorização irrevogável do participante e seu responsável para que a Secretaria Municipal de Educação e Cultura, divulgue por qualquer meio o texto, enviado e a imagem do participante. As cessões e autorizações aqui mencionadas não terão limites de tempo ou geográficos, e não estará vinculada a qualquer tipo de remuneração ou pagamento, sendo devido unicamente ao participante, autor da criação, a premiação do concurso.



Casos Omissos:

Os casos omissos neste regimento serão dirimidos pela Comissão Organizadora do Evento.

sábado, 24 de agosto de 2013

Poemas de Vinícius de Moraes


Tomara

Que a tristeza te convença
Que a saudade não compensa
E que a ausência não dá paz
E o verdadeiro amor de quem se ama
Tece a mesma antiga trama
Que não se desfaz

E a coisa mais divina
Que há no mundo
É viver cada segundo
Como nunca mais...
Vinícius de Moraes
Eu talvez não tenha muitos amigos.
Mas os que eu tenho são os melhores que alguém poderia ter.
Além disso tenho sorte, porque os amigos que tenho têm muitos
amigos e os dividem comigo.
Assim o meu número de amigos sempre aumenta, já que eu sempre ganho amigos dos meus amigos.
Foi assim aqui, uns eu ganhei há tempos, outros são mais recentes.
E quem os deu não ficou sem eles, pois a amizade pode sempre ser
dividida sem nunca diminuir ou enfraquecer.
Pelo contrário, quanto mais dividida, mais ela aumenta.
E há mais vantagens na amizade: é uma das poucas coisas que não
custam nada e valem muito, embora não sejam vendáveis.
Entretanto, é preciso que se cuide um pouco das amizades. As mais recentes, por exemplo, precisam de alguns cuidados...Poucos, é verdade, mas indispensáveis.
É preciso mantê-las com um certo calor, falar com elas mais amiúde e no início, com muito jeito.
Com o tempo elas crescem, ficam fortes e até suportam alguns trancos.

Prezo muito minhas amizades e reservo sempre um canto no
meu peito para elas.
E, sempre que surge a ocasião, também não perco a oportunidade de dar um amigo a um amigo, da mesma forma que eu ganhei.
E não adiantam as despedidas, de um amigo ninguém se livra fácil.
A amizade além de contagiosa é totalmente incurável. "
Vinícius de Moraes
Pela luz dos olhos teus

Quando a luz dos olhos meus
E a luz dos olhos teus
Resolvem se encontrar
Ai que bom que isso é meu Deus
Que frio que me dá o encontro desse olhar
Mas se a luz dos olhos teus
Resiste aos olhos meus só p'ra me provocar
Meu amor, juro por Deus me sinto incendiar
Meu amor, juro por Deus
Que a luz dos olhos meus já não pode esperar
Quero a luz dos olhos meus
Na luz dos olhos teus sem mais lará-lará
Pela luz dos olhos teus
Eu acho meu amor que só se pode achar
Que a luz dos olhos meus precisa se casar.
Vinícius de Moraes
Fonte:http://pensador.uol.com.br/poemas_vinicius_de_moraes/

terça-feira, 20 de agosto de 2013

Manuel Bandeira


Manuel Bandeira

19/4/1886 Recife (PE)
13/10/1968, Rio de Janeiro (RJ
[creditofoto]
Manuel Bandeira foi um precursor do Modernismo, além de um dos maiores poetas brasileiros
O recifense Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho mudou-se ainda jovem para o Rio de Janeiro. Em 1903, transferiu-se para São Paulo, onde iniciou o curso de engenharia na Escola Politécnica da USP (queria ser arquiteto, curso então ligado à escola de engenharia). No ano seguinte, abandonou os estudos por causa da tuberculose e retornou para o Rio, onde escreveu poesia e prosa, fez crítica literária e deu aulas na Faculdade Nacional de Filosofia. Por causa da doença, passou longos períodos em estações climáticas no Brasil e na Europa. Entre 1916 e 1920, perdeu a mãe, a irmã e o pai.

Em 1917, publicou "A Cinza das Horas", de nítida influência parnasiana e simbolista. Dois anos depois, lançou "Carnaval", fazendo uso do verso livre. Já se mostrava um dos precursores da linha modernista, e Mário de Andrade o chamaria de "São João Batista do modernismo brasileiro". Apesar disso, em 1922, por não concordar com a intensidade dos ataques feitos aos parnasianos e simbolistas, não participou diretamente da Semana de Arte Moderna (nem sequer viajou para São Paulo).

No entanto, seu poema "Os Sapos", lido por Ronald de Carvalho na segunda noite do acontecimento, provocou muitas reações. Nele, Bandeira se vale mais uma vez do verso livre, principal característica de sua obra:

"Enfunando os papos,/ Saem da penumbra,/ Aos pulos, os sapos./ A luz os deslumbra./ Em ronco que aterra,/ Berra o sapo-boi:/ 'Meu pai foi à guerra!'/ 'Não foi!' - 'Foi!' - 'Não foi!'"

Com "O Ritmo Dissoluto" (1924) e "Libertinagem" (1930), temos um poeta totalmente integrado no espírito modernista. "Libertinagem" apresenta alguns poemas fundamentais para entender a poesia de Bandeira: "Vou-me embora pra Pasárgada", "Poética", "Evocação do Recife" e outros. Aparecem ali seus grandes temas: a família, a morte, a infância no Recife, os indivíduos que compõem as camadas mais baixas da sociedade.

Apesar dos amigos e das reuniões na Academia Brasileira de Letras (para a qual foi eleito em 1940), Bandeira viveu solitariamente. Mesmo sendo um apaixonado pelas mulheres, nunca casou: dizia que "perdeu a vez".

Morreu aos 82 anos, de parada cardíaca -e não de tuberculose, a doença que o acompanhara durante parte tão grande de sua vida.