Para compreender as invasões francesas e holandesas que ocorreram no território brasileiro no período colonial, os alunos precisam conhecer o panorama geopolítico da época
Bianca Bibiano e Fernanda Salla (novaescola@atleitor.com.br)
Cronologia das invasões francesas e
holandesas O mapa e a linha do tempo
mostram os fatos que marcaram a
presença da França e da Holanda, com
caráter exploratório, no território que
era possessão dos portugueses
holandesas O mapa e a linha do tempo
mostram os fatos que marcaram a
presença da França e da Holanda, com
caráter exploratório, no território que
era possessão dos portugueses
Entre os séculos 16 e 17, os holandeses e franceses invadiram a nossa praia. Ou melhor, a praia dos portugueses, que eram os colonizadores do Brasil - e tentaram fincar raízes por aqui. Quando o assunto é esse, é quase certo que alguns alunos questionem se a situação de nosso país hoje seria melhor se o território tivesse sido colonizado por eles. Não existe resposta definitiva para a questão, mas, quando especulações como essa surgirem, convide os alunos a conhecer as motivações que fizeram esses europeus também aportar por aqui e seus objetivos. Assim, eles vão poder pensar melhor sobre essas outras colonizações (veja imagem ampliada).
Para começar o trabalho, situe a garotada sobre o panorama político e geográfico. Em 1580, o império português foi incorporado à Espanha, inaugurando a União Ibérica. Isso incomodou a França e a Holanda, que, para enfraquecer os ibéricos, passaram a investir cada vez mais em invasões. "Eram tentativas de contestar a situação considerada ilegítima pelo restante da Europa", explica Célia Camargo, professora da Universidade Estadual Paulista "Julio de Mesquita Filho" (Unesp), campus de Assis.
Outra questão que vale ser enfocada: diferentemente do que ocorreu na colonização dos Estados Unidos, entre os séculos 16 e 17, quando os europeus tinham o intuito de povoar o território para fugir das perseguições políticas e religiosas, a presença de portugueses, holandeses e franceses no Brasil tinha metas puramente exploratórias. Assim, os jovens vão perceber que, seja lá quem for o colonizador, é importante analisar o objetivo da colonização.
Além de tudo isso, é fundamental deixar bem claro que as características das explorações realizadas por franceses e holandeses diferiam muito quando comparadas à dos portugueses. Eles acreditavam que era preciso estruturar as colônias e desenvolvê-las para só então retirar delas o que quisessem. Era uma visão menos predatória, mas não menos exploratória. "Os benefícios que franceses e holandeses trouxeram à colônia se davam em função do interesse mercantil", diz Rafael Marquese, professor da Universidade de São Paulo (USP).
Para começar o trabalho, situe a garotada sobre o panorama político e geográfico. Em 1580, o império português foi incorporado à Espanha, inaugurando a União Ibérica. Isso incomodou a França e a Holanda, que, para enfraquecer os ibéricos, passaram a investir cada vez mais em invasões. "Eram tentativas de contestar a situação considerada ilegítima pelo restante da Europa", explica Célia Camargo, professora da Universidade Estadual Paulista "Julio de Mesquita Filho" (Unesp), campus de Assis.
Outra questão que vale ser enfocada: diferentemente do que ocorreu na colonização dos Estados Unidos, entre os séculos 16 e 17, quando os europeus tinham o intuito de povoar o território para fugir das perseguições políticas e religiosas, a presença de portugueses, holandeses e franceses no Brasil tinha metas puramente exploratórias. Assim, os jovens vão perceber que, seja lá quem for o colonizador, é importante analisar o objetivo da colonização.
Além de tudo isso, é fundamental deixar bem claro que as características das explorações realizadas por franceses e holandeses diferiam muito quando comparadas à dos portugueses. Eles acreditavam que era preciso estruturar as colônias e desenvolvê-las para só então retirar delas o que quisessem. Era uma visão menos predatória, mas não menos exploratória. "Os benefícios que franceses e holandeses trouxeram à colônia se davam em função do interesse mercantil", diz Rafael Marquese, professor da Universidade de São Paulo (USP).
Divergências religiosas marcam as incursões da França
Os franceses foram os primeiros a buscar um espaço permanente por aqui. Chegaram entre 1554 e 1555 e, inicialmente, ocuparam o Rio de Janeiro. Sem precisar travar conflitos com os portugueses, o grupo se instalou na então ilha de Serigipe (atual ilha de Villegagnon), na baía de Guanabara. O ponto alto da presença deles ocorreu durante a permanência do oficial Nicolas Durand de Villegagnon (1510-1571), que comandou cerca de 600 pessoas na construção do Forte Coligny, um espaço para garantir o aparato militar à ocupação. Além do intuito comercial, as terras férteis da região também atraíram os franceses, que ali estabeleceram a chamada França Antártica.
A incursão ao litoral do sudeste foi fortemente afetada por disputas religiosas e debates teológicos. "Havia uma divisão entre os franceses, que se iniciou na Europa. De um lado, católicos e, do outro, os protestantes", diz o historiador Julio Bandeira. Apesar dos debates internos, os franceses continuaram a chegar e ocupar outras ilhas na Guanabara.
Diante dessa situação, Portugal solicitou ao então governador geral do Brasil, Mem de Sá (1500-1572), que retomasse o controle. Em 1567, suas tropas derrotaram a linha de frente francesa. Villegagnon (que era tido como traidor ora da reforma protestante, ora da Igreja Católica) retornou à França antes, evitando assim ser preso pelos portugueses.
Em meados de 1612, uma nova invasão nas regiões norte e nordeste, se estendeu até a região amazônica (ainda desconhecida em parte pelos portugueses) e, principalmente à capitania do Maranhão. Na região, foi fundada a França Equinocial, que perdurou até 1615, quando os franceses foram derrotados por grupos portugueses.
Os franceses foram os primeiros a buscar um espaço permanente por aqui. Chegaram entre 1554 e 1555 e, inicialmente, ocuparam o Rio de Janeiro. Sem precisar travar conflitos com os portugueses, o grupo se instalou na então ilha de Serigipe (atual ilha de Villegagnon), na baía de Guanabara. O ponto alto da presença deles ocorreu durante a permanência do oficial Nicolas Durand de Villegagnon (1510-1571), que comandou cerca de 600 pessoas na construção do Forte Coligny, um espaço para garantir o aparato militar à ocupação. Além do intuito comercial, as terras férteis da região também atraíram os franceses, que ali estabeleceram a chamada França Antártica.
A incursão ao litoral do sudeste foi fortemente afetada por disputas religiosas e debates teológicos. "Havia uma divisão entre os franceses, que se iniciou na Europa. De um lado, católicos e, do outro, os protestantes", diz o historiador Julio Bandeira. Apesar dos debates internos, os franceses continuaram a chegar e ocupar outras ilhas na Guanabara.
Diante dessa situação, Portugal solicitou ao então governador geral do Brasil, Mem de Sá (1500-1572), que retomasse o controle. Em 1567, suas tropas derrotaram a linha de frente francesa. Villegagnon (que era tido como traidor ora da reforma protestante, ora da Igreja Católica) retornou à França antes, evitando assim ser preso pelos portugueses.
Em meados de 1612, uma nova invasão nas regiões norte e nordeste, se estendeu até a região amazônica (ainda desconhecida em parte pelos portugueses) e, principalmente à capitania do Maranhão. Na região, foi fundada a França Equinocial, que perdurou até 1615, quando os franceses foram derrotados por grupos portugueses.
Incentivos às artes marcam a permanência holandesa
A investida da Holanda, que começou em 1624, numa tentativa abortada de conquistar o litoral de Salvador, vingou em 1630. Recife e Olinda foram tomados com o objetivo de estabelecer um entreposto de comercialização de açúcar. A campanha atingiu as capitanias de Itamaracá, Paraíba e Rio Grande do Norte. Os holandeses aqui se fixaram e passaram a dominar a produção açucareira(leia a sequência didática).
Sob o comando de Maurício de Nassau (1604-1679), as terras foram colonizadas com incentivo às artes e à tolerância religiosa. Esse ponto merece atenção. "Pode parecer que Nassau investiu no Brasil, mas só reproduziu o estilo de vida europeu", diz Heloísa Gesteira, docente da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ).
O fim da União Ibérica, em 1640, e a Insurreição Pernambucana, em 1645, com revoltas da população local contra os impostos e a administração de engenhos, serviram de estopim para a saída do grupo. Na Batalha dos Guararapes, em 1648, os portugueses, unidos aos revoltosos, destituíram o espaço dos holandeses. E, a exemplo de Villegagnon, Nassau saiu de fininho, em 1559, deixando o Brasil sem presenciar esses eventos.
A investida da Holanda, que começou em 1624, numa tentativa abortada de conquistar o litoral de Salvador, vingou em 1630. Recife e Olinda foram tomados com o objetivo de estabelecer um entreposto de comercialização de açúcar. A campanha atingiu as capitanias de Itamaracá, Paraíba e Rio Grande do Norte. Os holandeses aqui se fixaram e passaram a dominar a produção açucareira(leia a sequência didática).
Sob o comando de Maurício de Nassau (1604-1679), as terras foram colonizadas com incentivo às artes e à tolerância religiosa. Esse ponto merece atenção. "Pode parecer que Nassau investiu no Brasil, mas só reproduziu o estilo de vida europeu", diz Heloísa Gesteira, docente da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ).
O fim da União Ibérica, em 1640, e a Insurreição Pernambucana, em 1645, com revoltas da população local contra os impostos e a administração de engenhos, serviram de estopim para a saída do grupo. Na Batalha dos Guararapes, em 1648, os portugueses, unidos aos revoltosos, destituíram o espaço dos holandeses. E, a exemplo de Villegagnon, Nassau saiu de fininho, em 1559, deixando o Brasil sem presenciar esses eventos.
retirado de:http://revistaescola.abril.com.br
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