A HISTÓRIA DA MATEMÁTICA
REGISTRADA EM UM MONUMENTO Prof. Augusto Cesar Aguiar Pimentel
( PIMENTA ) Departamento de Educação Matemática
Universidade Federal Fluminense - Interiorização
Santo Antônio de Pádua - RJ
A geometria se faz presente no Norte/Noroeste Fluminense, na cidade de Itaocara desde sua formação primária, pois é a única geometricamente traçada nesta região. Isto se explica pelos elevados conhecimentos de arquitetura dos capuchinhos, seus idealizadores, dentre eles, Frei Tomás. Só mesmo nesta cidade se ajustaria com perfeição o primeiro Monumento à Matemática.
O mundo experimentava momentos de preocupação com a II Guerra Mundial e o Brasil vivia em pleno Estado Novo. O Estado do Rio de Janeiro era governado pelo interventor Comandante Ernani do Amaral Peixoto. É nesse momento histórico conturbado que o Prefeito Dr. Carlos Moacyr de Faria Souto, com apenas 19 anos, presta uma homenagem à "Rainha das Ciências", mandando construir uma Praça com um Monumento , "Sui Generis”, à Matemática. Mais propriamente no dia 1º de julho de 1943, na confluência das avenidas Presidente Sodré e Frei Tomás, com frente voltada para a praça Rui Barbosa, oficializa-se singular iniciativa.
No local onde o monumento foi erguido, havia uma casa que foi desapropriada e avaliada em doze contos de réis, sendo proprietário o Sr. Carlos Dias, na época Carcereiro da Prefeitura, que concordou com a desapropriação. O Prefeito, ao conceber a idéia desse Monumento , procurou o maior expoente em Matemática daquela época: o Professor Júlio César de Mello e Souza (Malba Tahan), que ocupava a cátedra de Matemática da Escola Nacional de Belas Artes da Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Malba Tahan promoveu, entre seus alunos, um concurso para a escolha do melhor projeto, confirmando-se como o precursor de uma nova tendência que se afirma com vigor e tem adeptos em todo o mundo: a Educação Matemática. Pioneiramente, trabalhou com a História da Matemática, defendeu com veemência a resolução de exercícios sem o uso mecânico de fórmulas, valorizando o raciocínio, e utilizou atividades lúdicas para o Ensino de Matemática.
O concurso foi realizado entre os acadêmicos de arquitetura e o prêmio oferecido pela Prefeitura de Itaocara foi a quantia de quinhentos mil réis. O vencedor foi Godofredo Formenti e seu construtor, o Sr. Italarico Alves, residente em Itaocara.
Esse monumento, considerado o primeiro no mundo, em suas linhas gerais, é constituído por duas pirâmides hexagonais entrelaçadas. Este entrelaçamento está simbolizando a mútua subordinação entre as civilizações orientais que floresceram no Vale do Rio Nilo - fenícios, caldeus, persas, hebreus, árabes, chineses - e povos modernos.
Nas faces superiores, estão gravados os principais símbolos e sinais matemáticos, desde o diminuto PONTO até a letra hebraica ALEF, que representa o número cantoriano transfinito.
As pirâmides, sobre três discos circulares sobrepostas, estão cercadas simbolicamente, por três figuras geométricas: uma esfera, um cone e um cilindro.
Foram gravadas várias figuras geométricas, que lembram capítulos importantes, conceitos ou teorias famosas: o postulado de Euclides, o teorema de Pitágoras, a divisão áurea, o número PI ( ), a análise combinatória, os quadrados mágicos, o binômio de Newton, os logaritmos, a Trigonometria, a raiz quadrada, as séries infinitas, os limites, as derivadas, as formas ilusórias, os números transcendentes, os imaginários, a base neperiana, o calculo infinitesimal, a geometria analítica.
Encontram-se, também, entre as figuras, formas que lembram as teorias mais modernas da Topologia, da Álgebra Moderna, da Teoria dos Conjuntos etc.
Nas outras faces, gravadas em bronze, podemos admirar pensamentos que exaltam a Matemática:
De Leibnitz - “A Matemática é a honra do espírito humano”.
De Kepler - “Medir é saber”.
A afirmação platônica - “Deus é o grande geômetra. Deus geometriza sem cessar”.
O aforismo de Pitágoras - “O número domina o Universo”.
De Platão - “Por toda parte existe a geometria”.
De Malba Tahan - “A Matemática é a grande poesia da forma”.
Destacam-se, em ordem cronológica, nomes de celebridades, em cinco faces:
Na primeira face, matemáticos gregos: Tales de Mileto, os matemáticos famosos da chamada alvorada da Matemática Moderna: Neper, Fermat, Descartes, Pascal, Newton, Leibnitz, Euler, Lagrange e Comte; na terceira face, sete matemáticos modernos: Hamilton, Galois, Hermite, Riemann, Dedekind, Cantor e Poincaré; na quarta face, uma homenagem aos matemáticos brasileiros: Souzinha (Joaquim Gomes de Souza), Trompowsky, Oto de Alencar, Gabaglia, Amoroso Costa e Teodoro Ramos. Na quinta face, as mulheres que cultivaram a Matemática não ficaram esquecidas. Foram homenageadas: Hipasia, Maria Agnesi, Sofia Germain e Sofia Kovalevski; e na sexta face, encontram-se símbolos e fórmulas matemáticas, tais como: , log, quadrado mágico, (x + a)m, sen2x + cos2x = 1, f(x), x, , lim, , , , , e = 2,718281, dx, , , , , etc. Pitágoras, Platão, Aristóteles, Euclides, Arquimedes, Apolônio e Ptolomeu; na segunda face, os matemáticos famosos da chamada alvorada da Matemática Moderna: Neper, Fermat, Descartes, Pascal, Newton, Leibnitz, Euler, Lagrange e Comte; na terceira face, sete matemáticos modernos: Hamilton, Galois, Hermite, Riemann, Dedekind, Cantor e Poincaré; na quarta face, uma homenagem aos matemáticos brasileiros: Souzinha (Joaquim Gomes de Souza), Trompowsky, Oto de Alencar, Gabaglia, Amoroso Costa e Teodoro Ramos. Na quinta face, as mulheres que cultivaram a Matemática não ficaram esquecidas. Foram homenageadas: Hipasia, Maria Agnesi, Sofia Germain e Sofia Kovalevski; e na sexta face, encontram-se símbolos e fórmulas matemáticas, tais como: , log, quadrado mágico, (x + a)m, sen2x + cos2x = 1, f(x), x, i= -1 , lim, ,
= , , 1+ + +..., e = 2,718281, dx, , , = , ,etc.
Foram omitidos, possivelmente por descuido do gravador, alguns nomes de matemáticos árabes, persas e hindus. Assim, não aparecem nomes como os de Al-Kharesmi e Omar Khayyam; no registro Pátrio, certamente por modéstia, omitiu-se o nome do próprio professor Mello e Souza.
Em 1961, por iniciativa do então Prefeito Johenir Henriques Viégas, apoiado pela Câmara Municipal, o Monumento passou por uma reforma completa, mantida, porém, sua forma estrutural e conservada, em letras prateadas, suas legendas originariamente em bronze.
O jardim que rodeia o Monumento, por determinação do Prefeito e com a colaboração do Monsenhor Saraiva, recebeu um novo traçado, dentro do espírito rigorosamente matemático. Os canteiros passaram a ter diversas formas geométricas euclidianas bem definidas: círculos, quadriláteros, hexágonos etc. Um dos canteiros tem a forma de um sinal de integração e outro, junto à base, com a forma da letra grega .
Já em 1993, o prefeito José Romar Lessa modernizou a Praça. Fez novos canteiros, iluminação e uma proteção que a circunda, dando-lhe melhor aparência e segurança. No dia 1º de julho deste mesmo ano, realizou-se uma cerimônia comemorativa do Jubileu de Ouro, tendo como ponto central o discurso do Dr. Carlos Moacyr de Faria Souto, que há cinqüenta anos, no mesmo local, na época como Prefeito de Itaocara, inaugurava o primeiro e único Monumento no mundo, dedicado à Matemática. Dr. Carlos Moacyr de Faria Souto, no início do seu discurso, afirma que “Não há solução de direito sem recurso à Matemática” e termina, dizendo: “No mundo, apenas há uma coisa que a Matemática jamais será capaz de medir e de qualificar: a dor da saudade...” “Assim, despedindo-me dos que aqui estão peço, aos jovens de hoje para que no ano de 2043, quando comemorarem o Centenário deste Monumento, levarem ao ar, já que esta solenidade está sendo gravada, estas pobres palavras de um ex-professor que acredita ser a Matemática a base de todas as ciências do Universo...”
O Monumento à Matemática passou por mais uma reforma no corrente ano (2002); desta vez, por iniciativa do atual Prefeito Manoel Queiroz Faria, que reconheceu a necessidade de conservar a grandiosa obra, porém garantindo a preservação de sua estrutura original, o que representa a garantia de perpetuação histórica de uma homenagem ímpar à Matemática.
Prof. Malba Tahan discursando na Praça da Matemática, em 30/04/1961 Este artigo foi desenvolvido a partir das atividades realizadas nas aulas de História da Matemática na UFF - Pádua, pelas alunas Denise Mulin, Diva Lessa, Kellen Martins, Lídia Freitas, Fátima Rangel, Valéria Figueiredo e Zudileidy Sias. |